Capítulo 11


A piece of the puzzle falls to place


Quarta-feira, 30 de Dezembro
Taylor

Aprendi uma coisa hoje: nunca mais quero estar numa sala de espera com tanta tensão e nervosismo. Nós os quatro estávamos sentados bem na borda do sofá, cada um roendo sua unha favorita, enquanto Josh passeava pela sala freneticamente.

– Josh, senta, vai - Hayley pedia de vez em quando, notando o olhar da secretária nele, mas ele apenas a ignorava. Acho que ele ainda estava tentando pensar em algo para falar ao Simon.

– Olhe, cara, eu sei que esse sofá deve custar mais que nossa casa, mas acho que não vai aparecer um agente da CIA na nossa porta se você amassar um pouquinho a almofada. E se aparecer... bem, eu estou torcendo por você!

– Porquê? - perguntei. O que eu mais admiro no Zac é o seu jeito de fazer piadas mesmo quando tudo parece dar errado. Aliás, sobretudo quando tudo parece dar errado.

– Oras, porque se der para apostar em lutas de prisão, eu ficarei rico! Josh tem essa cara de santo, mas também tem um gancho infernal.

– Se você fosse preso eu não teria de escutar seus comentários idiotas.

– Ah, qual é? Só estou tentando levantar o astral dessa sala. Ficar com essa cara não vai ajudar ninguém.

– Tou tentando pensar numa solução, tem jeito de me deixar em paz?

– Josh, a gente vai entrar daqui a na--

Mas Zac não terminou a frase, porque logo a secretária se levantou, passando por nós e indo em direção à porta.

– O Sr. Lee vai atender-los agora - ela abriu a porta com um sorriso, esperando que um de nós entrasse. Olhamos uns para os outros, até que Josh bufou e entrou, arrastando-nos também.

– Ora, ora, se não são meus amigos da Paramore! - em relação a todo aquele edifício e às pessoas que lá trabalham, Simon é de longe o mais descontraído. Depois de ter passado por tanta gente com roupas profissionais e de ter esperado numa sala onde somente olhar o tapete me fez sentir mal por ter calçado minhas sapatilhas gastas, não esperava passar a "grande porta" e encontrar um homem de camisa de flanela e jeans. Mas assim é Simon, folgado por toda aquela empresa. O que me faz pensar: se todo o mundo lá praticamente usa terno, ele deve ser bastante importante para poder aparecer lá de jeans... - Tenho alguém para apresentar pra vocês. Daqui a pouco vem aí o vice-diretor da Fueled by Ramen para conhecer a nova sensação da gravadora!

É. A vida às vezes gosta de te bater quando você está em baixo.

– Err... Quanto a isso, Simon...

– O que foi? - só nesse momento ele parou para nos olhar, começando pela cara triste de Hayley e parando finalmente na de Jeremy, na outra ponta da mesa à qual nos sentamos.

– Aconteceu um imprevisto.

– Algo que se possa remediar, espero?

Josh deu um sorriso irônico, antes de responder.

– Meus pais - quer dizer, os meus e os de Zac - nos proibiram de continuar na banda.

– E essa decisão não pode ser alterada de qualquer jeito?

– A gente tentou, mas só ficou pior. Foi uma sorte nos terem deixado vir aqui hoje, e acho que foi só por saberem que era para explicarmos que não podemos assinar o contrato.

Simon abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo abrir da porta.

– Ah, Ben! Venha, aqui estão eles - todos sorrimos para o desconhecido, também de jeans e apenas de camiseta. Mas que empresa é essa? Quanto mais importante o cargo, mais folgado parece que é o cara. E tanto ele como Simon são novos, não podem ter mais que 30 anos. Oh, 'pera aí, inspiração batendo à porta: novos, descontraídos e trabalham com música. Bem, acho que se a banda for mal, tenho sempre outra boa opção...

– Olá, gente! Eu sou Ben Murray - e foi em direção a Hayley, cumprimentando-a com dois beijos.

– Hayley Williams. Prazer em conhecê-lo, Sr. Murray.

– Que é isso, menina? Sr. Murray é o senhor meu pai, e nem ele gosta que o tratem assim.

Ela apenas riu e assentiu e Ben continuou, apertando a mão de cada um de nós.

– E então, felizes por conseguirem um contrato? Não?! - ele se surpreendeu com nossa reação. Suspiros e sorrisos irônicos com certeza não eram a resposta que ele esperava.

– É que eles estão numa encrenca, Ben. Os pais de Josh e Zac proibiram-nos de continuar na banda, e como vê, eles são menores...

– Hmm. Então vocês não podem assinar o contrato. Mas e os outros, todos têm permissão dos pais?

– Sim, mas sem Josh e Zac não vamos assinar o contrato - falou Hayley, determinada.

– Bem... Eu entendo o ponto de vista, mas talvez vocês devessem saber que há muitas bandas que passam por situações do gênero e não é por isso que desistem.

– Está falando em... substituição? - a ideia não era muito agradável para mim.

– Por agora. Em breve, Josh e Zac serão adultos e aí poderão escolher se querem voltar para a banda ou ficar de fora. E vocês não perdem a oportunidade.

– Quer dizer que se eles não aceitarem o contrato agora, vocês não vão fazer mais ofertas? - Josh parecia menos amigo dessa opção do que até da de substituição! Não é que nós estivéssemos a pular de felicidade, mas fale a verdade, quem gostaria de ser substituído e perder a oportunidade de conseguir seus sonhos?

– Tente ver do nosso lado, Josh. Simon apenas os viu tocar uma vez. Nós não conhecemos vocês. Esperamos com certeza o melhor, mas como garantir que o som de vocês no futuro continuará o mesmo? Ou continuará relevante? São muitas variantes contribuindo. Claro que por todos os elogios que Simon vos prestou, vocês devem realmente ter talento. Mas quem sabe se esse talento ainda estará lá no futuro se vocês não trabalharem ele agora?

– Mas e os substitutos? Isso não irá mudar a banda também?

– Sim, Zac, você tem razão. Por isso mesmo, se escolherem essa opção, nos daremos... o que você acha, Ben, um mês? - Ben assentiu - Terão um mês para encontrar esses substitutos e depois fazerem uma espécie de nova audição, sabem, só para a gente ter certeza que o novo som é bom. Em relação à imagem da banda, quem se estará a lançar serão principalmente eles os três. E temos muitas ferramentas para deixar claro ao público que os outros dois membros são apenas temporários. Querem um tempo sozinhos para discutir?

– Sim, se não for incômodo - Hayley pediu, fazendo os dois homens assentirem e saírem da sala.

Ficamos em silêncio um tempo ainda, tentando apenas absorver essa informação. Vale a pena arranjar substitutos e irmos atrás do nosso sonho sem nossos dois melhores amigos? Será sequer a mesma coisa - será sequer o nosso sonho? Mas, por outro lado... E se os Srs. Farro mudarem de ideia? E mesmo que não mudem, o que acontece quando Josh e Zac chegarem à maioridade? Vão ficar sem contrato, sem banda, sem nada a que voltar?

– Eu acho que vocês deveriam continuar - Josh foi o primeiro a quebrar o silêncio.

– Mas, Josh... Como?

– Hayles, olha o que eles falaram! É possível vocês se lançarem os três. Vai falar que não quer isso?

– Não, Josh, eu queria nós cinco. Como sempre foi.

– Mas isso não é possível por agora. E se vocês não continuarem, pode não ser possível nunca - conclui Zac, deixando-nos em mais um silêncio. Mas esse foi mais curto.

– Não era assim que deveria ser...

– Hayley, há muita coisa na vida que não deveria ser como é. Mas... às vezes não é como você planeja as coisas que importa - é o que você faz para que elas aconteçam.

– Palmas para o Taylor e suas frases filosóficas! - rimos do comentário de Jeremy, aliviando a tensão e lembrando de quando as coisas eram mais fáceis - Mas e então? Você está do lado de Josh e Zac?

Suspirei.

– Eu nunca quis isso, e... Você tem razão, não era para ser assim. Mas, na minha opinião, ou a gente arranja substitutos ou joga fora tudo o que fez e sonhou esses anos todos. Parar... já não é opção, Hayles, não pode ser. Não por nós, mas por Josh e Zac. Pense, eles acabaram de ser proibidos de ter o seu sonho por agora. Se a gente parar... Estamos a proibi-los de ter esse sonho no futuro - eu sei, ontem era eu quem sentia o céu a cair sobre a cabeça, e hoje sou eu quem anda a distribuir discursos de esperança? Bem, a verdade é que uma tarde com Sarah nunca tem um efeito diferente...

– Sabe que mais? Vamos votar! - Jeremy sempre foi assim, o amigo que escuta tudo em silêncio, até que esgota a paciência e decide pôr um ponto final. E nesse momento, como a gente precisava disso... - Zac?

– Substitutos.

– Josh?

– Substitutos.

– Taylor?

– Substitutos, que seja.

– Só para o cadastro, eu voto em substitutos também. E você, Hayley, quer dar sua opinião?

Ela passou a mão pela cara antes de responder, soltando mais um suspiro.

– Se Josh e Zac não levam a mal e até votam por isso, é porque a gente continuar é a melhor opção. No fundo, acho que desistir seria por respeito a vocês.

– Respeito? E você acha que a gente acha bonito ver vocês falharem no sonho, só porque nós não podemos estar lá também?

– Vocês são bons amigos - Hayley falou com uma cara que todos nós já conhecíamos bem, mas nem por isso tínhamos melhor ideia de como lidar.

Josh levantou e foi abraçá-la. Por mais que isso só parecesse piorar a situação, nós fizemos o mesmo. Afinal o choro costuma servir para limpar, seja os olhos, seja a alma. E Hayley não chora tanto assim, só quando não consegue evitar mesmo. Daí que acho que ela mereceu um bom abraço de grupo.

Mesmo assim, não sei se foi a melhor das ideias. Estávamos tanto emocionados que nem demos por Ben e Simon entrarem na sala de novo, até esse pigarrear e perguntar:

– E então, chegaram em alguma conclusão?

Olhei em volta. Hayley limpava os olhos com a manga do camisolão, envergonhada; Josh estava distraído dando um jeito no cabelo dela, que nós tínhamos amassado; e Zac disfarçava não estar a secar as poucas lágrimas que também tinha deixado escapar.

– Que venham os substitutos. A banda continua. - respondeu Jeremy, esperando matar a curiosidade com que os dois homens olhavam essa cena. Realmente, não deve haver muita gente indo ao escritório deles e chorando de algo que não seja felicidade. Mas nós sempre fomos renegados mesmo, por isso tudo bem.

E então é assim. Temos um mês para substituir nossos dois melhores amigos, o melhor guitarrista e baterista que conheço. Nem há pressão, nem nada.

Mas eu confesso que fiquei um pouco mais consolado, até. A banda acabar agora seria muito difícil de aguentar, e isso seria para todos. Acho que ia ficar algo entre nós, sei lá, uma espécie de uma memória de algo que tivemos e não podemos mais ter. Acho que não nos ia fazer bem. Assim, pelo menos podemos ter garantir a Josh e Zac que terão uma banda para onde voltar.

Agora é esperar pelo amanhã. Pode ser que ele traga algo melhor para nós.



Sarah


Acabei de chegar da casa da Hayley, e ao que parece existe uma solução. Eu não esperava algo assim, mas eles discutiram isso durante um tempo e decidiram que, por enquanto, vão substituir o Josh e o Zac por temporários, e quando der, esses têm ao menos uma banda para onde voltar.

Mesmo assim vai ser muito difícil para as duas partes: Taylor, Jeremy e Hayley têm de continuar lutando por seu sonho sem os melhores amigos, enquanto os irmãos ficam vendo-os conseguir tudo aquilo que eles sempre quiseram. Mas do mal o menos. Acho que se eles parassem agora, o vazio ia ser bem maior, e isso iria criar ressentimentos. Aí é que eu piraria de vez, tudo o que eu quero é vê-los felizes! Mas como a felicidade nesse momento é impossível, ficamos com a opção mais próxima a ela.

Agora a questão é achar os tais substitutos, o que só significa uma coisa: audições. Aliás, foi por isso que fui lá. Ficamos o resto da tarde a fazer os cartazes. Amanhã a gente chama os reforços (lê-se: Jane e Lisa) e vamos colar eles em tudo quanto é canto. Pode ser que ainda haja alguém digno da Paramore nessa Franklin...

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