Capítulo 29

More than friends



Segunda-feira, 22 de Fevereiro
Sarah

Acho que vou banir completamente a palavra “normal” do meu vocabulário. Ela já caiu mais em desuso que qualquer arcaísmo e só traz expectativas frustradas.

Você esperaria que, sendo já a segunda semana de gravações – o que permite que você saiba mais ou menos com o que contar – e tendo o grupo decidido que é para deixar acalmar a situação com Josh, eu poderia descrever meu dia como “normal” e trocar esse lindo caderninho por mais algumas horas de sono preciosas. Mas não, a Sarah já tem pouco com o que lidar, vamos lançar outra bola curva na direção dela!

Eu sei que Deus tem caminhos que os homens não percebem… mas caramba, eu nem sei o que dizer! É… é… é completamente, sei lá, inesperado. Surpreendente. Incompreensível. Certo, vou parar de surtar, pedir perdão pela tortura que te inflijo e contar logo o que aconteceu.

Depois de outra aborrecida, mas levemente interessante aula de história, eu e meus três colegas de turma favoritos nos dirigimos para o refeitório, mais em particular para a mesa que já é conhecida como “a mesa da banda” por toda a escola e que, por isso, geralmente fica de vago para nós – um privilégio que eu ainda acarinho. Parece que a Paramore ganhou popularidade nos últimos tempos. Ou então, é apenas o povo nos achando importantes por termos um contrato e estarmos em gravações. Não serei eu a contrariá-los, oras!

Enfim, popularidade dúbia à parte, lá estavam Hayley e Jeremy já nos esperando e, pouco tempo e muitas brincadeiras depois, apareceu Zac, vindo dos recônditos da prova de Português.

– Oi, gente – ele nos cumprimentou enquanto tomava a cadeira propositalmente vaga do lado de Lisa – o que, estranhamente, não o relaxou. Sua expressão era de puro nervosismo.

– E aí, Wayne, foi mal na prova? – um Jeremy com uma nada-típica ruga entre as sobrancelhas verbalizou o que o grupo se perguntava.

– Hãn… não, a prova era fácil. Saiu tudo o que você disse que sairia, amor, obrigada – ele se voltou para Lisa, deixando um beijo na bochecha dela.

– Você se lembrou da diferença entre pronome reflexivo e pronome pessoal?

Ele respondeu à sobrancelha arqueada dela com um sorrisinho cúmplice que logo ela espelhou.

– Como eu iria esquecer?

– Gente! – Jane chamou a atenção dos dois, antes que o espaço cada vez menor entre eles desaparecesse de vez. Juro que, a cada dia que passa, eles perdem mais um pouco de vergonha. – Lembra do que estávamos falando, Zac? Você parecia nervoso…

Enquanto Jane gesticulava com as mãos e falava lentamente, como se Zac tivesse uma grande dificuldade em entendê-la, ele semicerrava os olhos.

– Lembro sim, eu não sou paciente amnésico. E você não é lá muito boa amiga, hein? Agora que eu estava esquecendo o nervosismo, você inventa de me lembrar?

– É que sempre me disseram que o melhor a fazer é partilhar nossos problemas, conversar com nossos amigos sobre eles… Mas nunca me falaram nada sobre beijar, não.

– Nesse caso, omitiram a melhor parte, minha amiga! – Zac brincou, levando um tapa leve de Lisa de seguida. Jane revirou os olhos.

– Ah, tá, mas eu sugiro que ou fique aqui e converse, ou vá procurar um consultório onde possa ter uma sessão terapêutica de beijos mais privada. Sabe, a menos que você pretenda beijar todo o mundo nessa mesa…

O riso foi geral – bem, à exceção de Zac, que se esforçou ao máximo por fulminar Jane com seu melhor olhar irado. O que não resultou muito bem, pois ele também acabou rindo.

– Mas Jane tem razão, Zachary. Se tem novidade para contar, conta – Taylor aconselhou – sim, aconselhou, pois a intensidade do olhar que ele lançou na direção do mais novo sugeriu que aquilo não era um mero pedido. Zac suspirou e respondeu.

– Vocês os dois têm razão. Ainda vou entender como todo mundo consegue estar certo o tempo todo e eu nunca, mas tudo bem – vi expressões confusas ao redor de toda a mesa, mas ninguém disse nada, porque estava claro que Zac estava ficando nervoso de novo. – É que… aconteceu algo ontem que eu preciso contar para vocês. Taylor já sabe porque virou psicólogo. Lisa não tinha cobertura e—

– Zac – Hayley chamou a atenção do mais novo, tirando-o de suas divagações – vá direto ao ponto.

Ele suspirou rapidamente.

– Certo. Josh vai mudar de cidade.

Era só ver os queixos caírem ao redor da mesa e ouvir os resfolegares: escutar aquelas palavras foi o mesmo que levar um choque.

– O-o quê? – questionei com muito esforço.

– Eu sabia que devia ter andado com rodeios… - Zac suspirou novamente. – É que meu pai conseguiu uma promoção, só que ela está na sucursal de Baltimore. Significando: ele terá que se mudar para lá e decidiu levar Josh com ele.

Toda aquela informação andava à roda na minha cabeça, apenas me confundindo mais. Pior, parecia que algo estava entrando em choque de novo…

– Mas, espera. Então Josh não quer ir? – falei lentamente, tentando raciocinar – provavelmente a tarefa mais complicada no momento.

– Não! Digo, não, não é isso. Meu pai sugeriu levá-lo com ele, dizendo que ele era o mais velho, que se iria adaptar melhor, blah blah blah. Todos sabemos que não é por isso, né – ele riu ironicamente. – Quer dizer, ele esmurrou a parede do banheiro ontem!

– Seu pai?! – o choque e confusão de Lisa eram semelhantes aos de todos nós. Zac não é decididamente a pessoa certa para dar notícias importantes.

– Não! Josh, amor, Josh.

– Josh esmurrou uma parede?! – foi a vez de Jeremy expressar seu choque. – Por alma de quem?!

– Isso é entre Josh e o Senhor; eu não faço ideia. Enfim, eu estava dizendo: meu pai sugeriu que Josh fosse com ele para Baltimore, porque ele anda… – a expressão de Zac assumiu um tom pesado que lhe dava um aspeto mais envelhecido – Mal. Ele anda muito mal. Suponho que meu pai queira afastá-lo um pouco de tudo o que aconteceu aqui, deixá-lo terminar o 2º grau em paz. Sei lá, talvez até seja uma boa ideia…

E com essa consideração final, Zac calou-se, talvez perdendo-se nos seus próprios pensamentos, como o resto de nós.

Boa ideia? Será? Ficar longe de tudo o que ele já conhece? Ter que lidar com lugares novos, pessoas novas, uma vida nova? Agora, quando ele está mais confuso que nunca? Até que ponto isso é uma boa ideia e até que ponto é assinar a própria carta de depressão? Quer dizer, Josh não é o tipo de garoto que lida facilmente com a mudança! Ele é conservador, reservado, introvertido e tem um estilo olhado de canto pela sociedade. A única coisa que o salvará da desgraça total de ser tudo isso e chegar no meio do ano a uma escola nova na grande cidade, vindo de uma terrinha qualquer, é – e note que isto é muito hipoteticamente – ser bonito e tocar guitarra bem. Talvez até faça a garota mais popular desse colégio suspirar, mas o que importará, se isso só vai irritar mais o namorado-tipicamente-desportista-americano dela? Certo, eu já estou fantasiando demais, mas retirando alguns exageros, isto são preocupações legítimas! O que ele tem na cabeça para decidir iragora?!

Apenas a campainha nos despertou da letargia em que entramos. Levantamo-nos automaticamente e sem dedicar a nossas ações grandes pensamentos. Lisa, Jane, Taylor e eu despedimo-nos rapidamente, virando para a secção das salas de matemática. Era só o que me faltava nesse momento – mais problemas para resolver!

O resto da manhã passou rápida e silenciosa. A informação ainda estava sendo digerida, então não voltamos a falar no assunto. Quando dei por mim, já estava em casa de novo. E aí é que a ficha caiu.

Eu não veria Josh durante uns três ou quatro meses. Eu não o queria zangado comigo esse tempo todo. Eu não queria que ele estivesse triste e confuso e estranho como ele andava. Eu… o que eu ia fazer com ele a quilômetros e quilômetros de distância? Quem ia olhar por ele? E se ele acabasse por se juntar a outra Jenna e outro Chad de novo?

Minha mão disparou em direção a minha boca, como se eu necessitasse abafar um grito, e meus pulmões receberam várias golfadas de ar, à medida que eu tentava respirar fundo.

– O que foi, filha? – a voz preocupada da minha mãe me trouxe de volta ao mundo real.

Respirei mais um pouco antes de responder, tentando focar os olhos nela e no meu avô, que também me fitava intensamente.

– Josh vai se mudar – respondi, finalmente, num fio de voz. Admirou-me que eles tivessem conseguido sequer escutar.

– Mudar-se? Para onde?

Suspirei, tentando organizar as ideias.

– Baltimore. O pai foi promovido para um posto na filial de lá.

– E vai levar Josh por quê? – minha mãe me olhou confusa. Revirei os olhos.

– Acho que com tudo o que tem acontecido, essa pergunta é meio que desnecessária.

– Sarah – meu avô me repreendeu pela resposta torta, mudando depois o tom para algo mais compreensivo. – E você está inteiramente convencida de que isto será algo mau?

– Sim! Quer dizer, ele já está confuso e agora quer se sobrecarregar com coisas novas?

– Talvez seja apenas um começo novo.

– E você acha sensato fugir do passado para isso? Os problemas não vão apenas voltar a surgir?

Meu avô deu um pequeno riso, apenas me irritando mais. É, ele gosta de fazer isso.

– Minha neta! Um dia você vai entender que as coisas não são tão no preto no branco assim e que as pessoas precisam de tempo para elas. Você não pode mandar nelas – ele disse até mais docemente do que o normal (que não é lá muito doce), mas essas palavras junto com seu olhar penetrante foram o mesmo que um soco no estômago.

– Eu não quero mandar no Josh! – praticamente berrava de tantas oitavas que minha voz tinha subido.

– Então o apoie.

E com isso, ele se levantou e levou o prato até a pia, logo imitando pela minha mãe, que antes deixou um carinho no meu ombro.

E eu?

Eu deixei-me ficar, tentando tirar minhas próprias conclusões.

O que minha posição realmente importa no caso? Josh irá de qualquer jeito – isso já está fora de questão. Uma manifestação contrária de qualquer um de nós só o fará ir mais depressa. Se eu acho uma boa ideia? Por mais que digam que sim (como até Taylor me disse hoje de tarde quando chegamos do estúdio), eu penso o contrário. Eu vejo um erro. Mas meu avô tem razão, eu não posso tomar as decisões por Josh. E se já vejo as coisas dando para o torto conforme estão, imagina o que será se o nosso apoio – que Josh sabe que tem, mas recusa – falhar.

Talvez… talvez seja o necessário para ele perceber do que deixa aqui. Talvez realmente o ajude. Talvez não. Tudo o que sei é que, depois de tudo, ele merece tomar uma decisão e ter o meu apoio e o dos outros, por mais que não o queira.

E é por isso que sábado, quando ele embarcar, estarei naquele aeroporto, com uma palavra de encorajamento e o apoio necessário.



POV Hayley

Enquanto caminhava pelos corredores vazios, minha mente insistia em repetir as palavras de Zac uma e outra vez.

“Josh vai mudar de cidade.”

“… na sucursal de Baltimore.”

“… ele esmurrou a parede do banheiro ontem!”

Respirei fundo e passei as mãos na cara, pouco me importando com aquelas três garotas do 1º grau que me olhavam com curiosidade. Nunca viram uma pessoa enlouquecer?

Apertei mais o passo; precisava chegar logo. Ele já não deveria demorar muito, faltavam apenas cinco minutos para o toque. Dobrei a última esquina do percurso e, vendo a porta do laboratório de Biologia, senti algo explodir dentro do meu estômago e suores frios correndo por mim. O que eu queria dali, afinal? Eu queria realmente resolver algo, convencê-lo a ficar? Ou apenas queria uma repetição do que aconteceu da última vez que ficamos sozinhos naquele mesmo laboratório? Ah, não, sozinhos não! Quis até esmurrar a parede lembrando da cobra loira e entendendo que talvez ele nem sequer soubesse que ela estava lá escondida. Mas isso tinha acontecido e, mais uma vez, eu tinha acreditado nas circunstâncias antes de acreditar nele. E o que eu ia fazer agora? Pedir desculpa?De novo?

Parada em frente à porta, suspirei e fechei os olhos, pensando na possibilidade de ele já estar ali dentro. O que eu iria falar? Ah não, a pergunta não era essa. O que eu iria fazer?, essa sim, era a verdadeira questão – e, mesmo não admitindo, eu sabia bem a resposta.

Ainda de olhos fechados, levei a mão à maçaneta e abri a porta, entrando finalmente.

– Hayley? – abri os olhos ao escutar seu sussurro confuso. Eu era a última coisa que ele esperava ver ali, mas ele não iria mais mostrar isso a partir desse momento. Eu sabia.

You've been awake for hours,
I've been awake for days. 
My eyes to feel like I'm asleep 
stuck inside an empty dream.

(Você está acordado há horas,
Eu estou acordada há dias.
Meus olhos para sentir que estou dormindo
Presa dentro de um sonho vazio.)

– Oi, Josh – dei um sorriso leve, observando a expressão pesada que recebia em resposta.

– O que você quer? – foi a vez dele fechar os olhos, suspirando, talvez até se arrependendo de usar um tom tão dócil comigo. Meu sorriso se alargou um pouco automaticamente.

– Eu também tenho aula aqui, sabia?

– Você sabe perfeitamente que eu sempre venho mais cedo para o laboratório – sabia. Claro que sabia. Decidi ignorar e ir direta ao ponto.

– Então é verdade? Você vai para Baltimore?

Question if this is even real, 
a cliché way for me to feel. 
Unfinished messages to send, 
I told you I never want to end.

(Questione se isto é sequer real,
Uma forma clichê de eu me sentir.
Mensagens inacabadas para enviar,
Eu te disse que não queria terminar nunca.)

Ele suspirou pesadamente e passou as mãos pela cara.

– Sim, é verdade.

– Mas, Josh—

Eu me olhou incrédulo e perplexo, explodindo logo de seguida.

– “Mas Josh”?! “Mas Josh”?! Mas Josh o quê, Hayley? Eu estou fazendo algo bom! Por mim e por todos! Pode parar de ser egoísta e querer me ver infeliz?

– Querer te ver infeliz?! – se ele ia explodir, eu tinha razões para fazer o mesmo. – Caramba, Josh! Depois desse tempo todo, como você pode dizer isso? Há um mês atrás, eu estava nesta mesma sala te escutando, mesmo convencida de que tinha sido você! E teria acreditado em você se não tivesse sido aquela… ARGH!, aquela nojenta. Aff, quero esganá-la!

Eu devia estar sendo bem expressiva, porque Josh fez a última coisa que eu esperava que ele fizesse: riu.

Ele riu.

Fiquei congelada, olhando-o, escutando aquele riso que, apesar de me surpreender, me fazia sentir… bem, tão bem.

– Desculpa - ele estendeu a mão esquerda com a palma virada para mim e com a outra, tapou a boca –, é que isso me fez lembrar outra coisa.

Apertei os olhos.

– Que coisa?

– Lembra de quando nos chateamos por você ter brigado com Jenna? – o riso tinha acalmado e agora ele me olhava com… carinho?

– Claro que lembro! Mas até hoje defendo que aquele foi um tapa merecido.

Ele riu de novo.

– Acho que se fosse hoje, eu até te diria para dar mais.

I've watched you break yourself in two 
and try to give me half. 
And I seem to wonder what it takes to work, 
to make this last.
(Eu vi você quebrar-se em dois
E tentar me dar metade.
E eu pareço perguntar-me o que é preciso para funcionar,
Para fazer com que isto dure.)


– Eu sei – sua expressão ainda meia desolada, meia sorridente partiu meu coração. – E por você, eu teria dado – ele sorriu. – Lembra de quando fizemos as pazes depois disso?

– Claro. Eu fui até sua casa e nem precisei dizer mais do que meia palavra, você já estava me desculpando e me abraçando.

– E depois fomos para o nosso canto no parque e ficamos até ao anoitecer.

– E você desenhou aquela coisa na minha mão.

– Era um unicórnio!

– Desculpa, aquilo não era um unicórnio de jeito nenhum! – ele riu mais uma vez, sem saber quanto era o bem que fazia por mim. Como me fazia sentir aliviada, livre… Ou talvez soubesse.

– Era sim, você é que não tem olho de artista!

– Você é que não tem mãos de artista, Hayles – o uso da alcunha preferida dele fez meu coração dar um baque e esquecer tudo o resto. Literalmente tudo. Até a razão de eu estar ali.

And I'd run to the furthest place I need to, 
just to hear love. 
Cause I need to find out 
how it feels to be broken in two hearts. 
(E eu correria para o lugar mais longíquo que fosse preciso,
Apenas para ouvir amor.
Porque eu preciso descobrir
Como é estar quebrada em dois coraçães.)


Ou talvez essa tenha sido a razão o tempo todo.

And do you think that I've run out on you now?
Cause I still yearn, if we pretend. 
Can we go back to where broken things
Only needed plasters to mend?
(E você acha que eu te desertei?
Porque eu ainda anseio, se nós fingirmos.
Podemos regressar onde coisas partida
Apenas precisavam de gesso para se emendarem?)


Quando dei por mim, minhas mãos já estavam na sua nuca e puxavam-no para mim. Ele apertava minha cintura, acabando com o espaço entre nós. Nossos lábios encostaram-se lentamente, como se tivessem medo de que tudo se tratasse de uma miragem que desapareceria de um momento para o outro.

Mas não. Ele continuava ali, apertando minha cintura decididamente; seus lábios ainda estavam encostados aos meus, se movendo cada vez mais energeticamente, mas ainda gentis do jeito que só eu sabia que Josh conseguia ser. Sua língua pediu passagem e tratei logo de a acariciar, colocando naquele beijo tudo o que eu sentia. O arrependimento. As saudades. O amor.

E tudo estava perfeito. Ele me puxava cada vez mais contra si, mostrando que também tinha saudades minhas e me fazendo sentir mais acarinhada, mais valiosa, mais amada do que nunca. Era perfeito, era.

Era perfeito demais.

O toque soou, fazendo-nos afastar quase automaticamente e trazendo de volta a memória de tudo o que correu mal nos últimos tempos. Trazendo de volta aquele peso no meu peito.

– Você vai mesmo? – perguntei baixinho, já a uma distância segura dele.

– Eu tenho que ir, Hayles – ele suspirou. E ele tinha razão, ele precisava disso.

– Eu sei – retorqui, suspirando também e me voltando para seguir para a minha carteira. Mas uma coisa me ocorreu de repente e eu me voltei para olhá-lo. – Vou ter saudades suas.

Ele deu um sorriso triste, ainda me fitando.

– Vou ter saudades suas também.

A porta do laboratório abriu-se de rompante, deixando entrar uma enchente de alunos que falavam alto, riam, viviam. E eu me sentaria toda a aula na minha mesa, usando meu corpo apenas para respirar, porque estaria vivendo noutro lado.

Eu ficaria vivendo no passado, forjando memórias daquele momento perfeito e recordando todos os outros.

Let's stay awake for hours, 
just like we did back then. 
When you draw pictures on my hand 
in permanent marker pen. 
We watch the sun go down, 
but never feel the end. 
Cause I know the sun and darkness are 
more than friends.
(Vamos ficar acordados por horas,
Como fazíamos naquela altura.
Quando você fazia desenhos na minha mão
Em caneta permanente.
Víamos o sol se pôr,
Mas nunca sentíamos o fim
Porque eu sei que o sol e a escuridão são
Mais do que amigos.)

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